A voz dos carros elétricos da Renault

A emissão de um aviso sonoro é necessária por razões de segurança, sendo obrigatório nos veículos elétricos, fazendo parte dos parâmetros de desenvolvimento. Sem um som de alerta externo, os pedestres não ouviriam um veículo elétrico se aproximando em baixa velocidade. Além disso, alguns motoristas sentem-se seguros por serem ouvidos em determinadas circunstâncias, principalmente ao trafegarem pela cidade.
Publicado em Auto dia 30/06/2021 por Alan Corrêa

Os carros elétricos são bem conhecidos por terem um motor silencioso, no entanto, fica a dúvida, como alertar os pedestres sobre a aproximação de um veículo cujo motor não emite quase nenhum ruído? O Renault Group em parceria com o IRCAM (Instituto de Pesquisa e Coordenação de Acústica e Música), estão desenvolvendo um novo som para cumprir essa missão.

O IRCAM trabalha com a interatividade entre pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico e criação musical contemporânea. O instituto é parceiro do Renault Group desde 1994, e realiza atividades que variam desde a qualidade sonora de motores e alertas sonoros até a sonorização da cabine e assinatura externa dos veículos.

Processo de criação de sons dos veículos da Renault

Desde os primeiros carros-conceito elétricos, a Renault assumiu um protagonismo como pioneira do desenvolvimento de um VSP específico
Desde os primeiros carros-conceito elétricos, a Renault assumiu um protagonismo como pioneira do desenvolvimento de um VSP específico

O som dado para um veículo elétrico que é silencioso por natureza chama-se VSP (Vehicle Sound for Pedestrians ou sons de veículo para pedestres). O intuito é alertar os pedestres de uma forma eficiente e agradável, sem causar pânico, e ao mesmo tempo esse som deve ter as características da marca.

A emissão de um aviso sonoro é necessária por razões de segurança, sendo obrigatório nos veículos elétricos, fazendo parte dos parâmetros de desenvolvimento. Sem um som de alerta externo, os pedestres não ouviriam um veículo elétrico se aproximando em baixa velocidade. Além disso, alguns motoristas sentem-se seguros por serem ouvidos em determinadas circunstâncias, principalmente ao trafegarem pela cidade.

“O que mais chama a atenção quando você está dentro de um carro elétrico é o silêncio. Por isso, precisamos dar uma voz para este silêncio”, conta Laurent Worms, responsável pela Experiência Sonora do Cliente, Renault Group.

A Renault sempre foi pioneira no desenvolvimento de um VSP específico, em sua versão de produção em série do ZOE, onde seu alerta significava “sou elétrico, sou vanguardista, sou um Renault”, a ideia era associar o som ao carro elétrico e à marca Renault. E agora a Renault vem preparando outro som externo para sua nova geração de modelos elétricos, que serão principalmente derivados dos show cars Megane eVision e R5 Prototype.

O foco é desenvolver o som do mesmo modo de como foram os primeiros, nos estúdios e nos laboratórios desprovidos de ruídos da equipe de pesquisa de Percepção e Design Sonoro (PDS) do IRCAM em Paris.

A criação de um design sonoro deve ser feita através de um trabalho de equipe, isso porque é preciso estar associado a várias áreas do Renault Group como Produto, Design e Engenharia.

“Tenho a função de dar um norte. Eu me baseio em um grande acervo de feedbacks dos nossos clientes e nas tendências atuais para elaborar as especificações do projeto de sons, com uma descrição dos ambientes e evocações esperadas, em linha com o DNA da marca”, conta Laurent Worms.

Os sons dos futuros modelos elétricos da Renault, terá a direção de Nicolas Misdariis, diretor de Pesquisa e responsável pelas equipes de PDS, e Andrea Cera, compositor e designer de sons que já trabalha com as equipes de PDS há vários anos inclusive em relação às questões associadas ao design sonoro veicular

A primeira etapa para isso consiste na definição da personalidade desejada e necessária para o som exterior, visando as necessidades industriais do ponto de vista técnico e ergonômico, assim como funcional e mantendo a identidade da marca.

Para ter esse desenvolvimento é feito um trabalho de transmissão de dados iniciais, através de sessões de briefing, baseado em palavras, imagens e até mesmo referências sonoras ou ruídos, que serão usados como matéria-prima.

Um som desenvolvido, assim como foram os primeiros, nos estúdios e os laboratórios desprovidos de ruídos da equipe de pesquisa de Percepção e Design Sonoro (PDS) do IRCAM em Paris.
Um som desenvolvido, assim como foram os primeiros, nos estúdios e os laboratórios desprovidos de ruídos da equipe de pesquisa de Percepção e Design Sonoro (PDS) do IRCAM em Paris.

Depois, é preciso converter as intenções expressadas em materiais sonoros por meio de instrumentos e sons reais (gravados) ou sons sintetizados por computador, com a aplicação de regras fundamentais de harmonia. Isso porque, para um som como um VSP é preciso que o designer sonoro trabalhe com estes materiais sonoros combinando-os harmoniosamente, gerando uma sensação de tranquilidade ou alegria e não de tensão.

Os ritmos e modulações são componentes fundamentais do VSP, que é a interatividade sonora, onde deve-se adaptar-se aos movimentos do carro, formando um som característico, vivo, único e dinâmico.

Depois de tudo isso, várias direções ou proposições são delineadas, fica na responsabilidade do gestor responsável pela experiência sonora do cliente decidir nesta última etapa qual será o som que representará a identidade da marca.

Para concluir, Laurent Worms diz: “Meu sonho é que a assinatura sonora dos futuros carros elétricos da Renault remete a uma emoção semelhante à marca deixada por um perfume sedutor, contribuindo para um melhor ambiente sonoro para nossas cidades do amanhã.”

Poderemos conhecer esse novo som em breve, no próximo lançamento da Renault, o Megane E-TECH Electric.