Cabo submarino entre Brasil e Portugal deve mudar sua internet

EllaLink é o primeiro cabo de fibra óptica de alta capacidade a ligar América Latina e Europa, foi inaugurado na última terça-feira (1 de junho). O cabo possui 6 mil quilômetros de extensão, proporcionando um tráfego de dados a 72 Terabits por segundo (Tbps) e latência de 60 milissegundos.
Publicado em Internet dia 6/06/2021 por Alan Corrêa

EllaLink é o primeiro cabo de fibra óptica de alta capacidade a ligar América Latina e Europa, foi inaugurado na última terça-feira (1 de junho). O cabo possui 6 mil quilômetros de extensão, proporcionando um tráfego de dados a 72 Terabits por segundo (Tbps) e latência de 60 milissegundos.

“Foram dez anos de trabalho árduo, da ideia inicial ao dia de hoje, uma aventura humana que envolveu muitos profissionais, e agora vamos conectar os dois continentes pelos próximos 25 anos, por meio de uma infraestrutura moderna”, afirmou Philippe Dumont, CEO da EllaLink.

Entenda melhor

O cabo submarino foi instalado na área da Praia do Futuro e interliga Fortaleza à Sines, em Portugal. Com isso, o Ceará passou a ter 16 cabos submarinos em funcionamento, sendo o segundo maior centro de conexões submarinas por fibra óptica no mundo, ficando atrás apenas do Japão.

Os usuários vão se beneficiar da estrutura após operadoras de internet, bem como serviços de streaming, de nuvem e financeiros, como bancos e bolsas de valores, adquirirem parte da capacidade de tráfego. O cabo também será utilizado por instituições de pesquisa e redes corporativas.

A conexão entre América Latina e Europa por meio do EllaLink também oferece mais segurança na comunicação. Isso porque ele não precisará passar por equipamentos intermediários em território americano antes de seguir para o restante da rota.

O cabo de fibra óptica submarino melhorará conectividade entre continentes (Foto: Ellalink/Divulgação)
O cabo de fibra óptica submarino melhorará conectividade entre continentes (Foto: Ellalink/Divulgação)

O projeto, conta com o apoio da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e passará ainda pela Guiana Francesa, Ilha da Madeira, Ilhas Canárias e Cabo Verde. No Brasil, além da rota pela água, haverá conexões por terra que devem ligar o cabo a estados como São Paulo e Rio de Janeiro.

cerimônia de inauguração do novo cabo submarino da EllaLink que vai conectar Fortaleza à Sines (Foto: divulgação)
cerimônia de inauguração do novo cabo submarino da EllaLink que vai conectar Fortaleza à Sines (Foto: divulgação)

O Projeto BELLA (Building European Link with Latin America, na sigla em inglês) vai atender às necessidades de interconectividade de longo prazo das comunidades de pesquisa e educação da Europa e da América Latina. O BELLA está sendo implementado por um Consórcio de Redes Regionais de Pesquisa e Educação integrado por GÉANT (Europa) e RedCLARA (América Latina), que inclui Redes Nacionais de Pesquisa e Educação (RNIE ou NREN) de Chile, Colômbia, Equador, França, Alemanha, Itália, Portugal e Espanha, além da Rede Nacional de Pesquisa (RNP), ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil.

A construção do cabo submarino teve um investimento privado de 150 milhões de euros (cerca de 1 bilhão de reais). A Comissão Europeia contribuiu com 25 milhões de euros e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) outros 8,9 milhões de euros.

Histórico

  • 2015: uma joint-venture entre a Telebrás e IslaLink (da Espanha) foi assinado, determinando a compleção da conexão no início de 2018. A IslaLink ficará com 45% de benefícios no projeto, a Telebrás ficará com 35%, e os outros 20% serão de um acionista brasileiro.
  • 2018: a Telebrás se vê sem condições financeiras de financiar a construção do cabo em 35% como se pretendia, e decide substituir os 35% de custeio da construção pela aquisição de direitos irrevogáveis de uso do cabo quando concluído.
  • 2019: previa-se que o link começaria a ser construído ainda na primeira metade daquele ano.
  • 2020: em janeiro a Telebrás desistiu de participar da iniciativa, alegando que na Lei Orçamentária Anual de 2020 não constava autorização para o dispêndio da aquisição dos direitos de uso do cabo, ou seja, não havia dinheiro para honrar a promessa. Mas ainda assim, previa-se que o cabo entraria em operação ainda em dezembro daquele ano. Estava sendo construído pela Alcatel Submarine Networks (subsidiária da Nokia) e estimava-se uma vida útil de 25 anos.
  • 2021: em 6 de janeiro o cabo chegou a Sines, em Portugal. Previa-se a entrada em operação no segundo trimestre de 2021. Estima-se que a latência na transmissão de dados entre os dois continentes será reduzida em 50%. A previsão inicial era de fornecimento de 72 Tbps por meio de 4 pares de fibras. O cabo havia sido já instalado no porto de Fortaleza, e nessa data é que foi instalado no porto de Sines, faltando ainda unir as metades no meio do Atlântico.

*Com informações da EllaLink, G1 e Wikipédia.