Conar arquiva processo sobre uso de “Elis Regina Virtual” em campanha da Volkswagen

Na última terça-feira (22), o Conselho de Ética do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) tomou a decisão de arquivar o processo que havia sido instaurado em julho para investigar se uma campanha da Volkswagen, lançada em 4 de julho, utilizando inteligência artificial, violava o Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária.
Publicado em Negócios dia 23/08/2023 por Alan Corrêa

Na última terça-feira (22), o Conselho de Ética do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) tomou a decisão de arquivar o processo que havia sido instaurado em julho para investigar se uma campanha da Volkswagen, lançada em 4 de julho, utilizando inteligência artificial, violava o Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária.

A campanha em questão foi desenvolvida para celebrar os 70 anos da presença da Volkswagen no Brasil e apresentou um dueto fictício entre a saudosa Elis Regina, falecida há 41 anos, e sua filha Maria Rita, por meio da utilização da técnica conhecida como “deepfake”, que cria montagens realistas de rostos de pessoas.

O Conar considerou tanto opiniões contrárias quanto favoráveis de consumidores, focando em dois pontos principais. O primeiro ponto envolvia a questão da ética e do respeito ao utilizar a imagem recriada da cantora Elis Regina, obtida através de inteligência artificial generativa híbrida. O segundo ponto dizia respeito à necessidade de informação clara sobre o uso da ferramenta “deepfake” na composição do anúncio.

Conselho de Ética do Conar Arquiva Processo sobre Campanha da Volkswagen com Uso de "Deepfake"
Conselho de Ética do Conar Arquiva Processo sobre Campanha da Volkswagen com Uso de “Deepfake”

O Conselho de Ética, por unanimidade, considerou improcedente o questionamento de desrespeito à figura da artista, destacando que a utilização da imagem foi consentida pelos herdeiros e que a representação estava condizente com as ações da cantora em vida.

Quanto à necessidade de transparência quanto ao uso da técnica “deepfake”, o Conar mencionou a ausência de regulamentação específica e levou em conta recomendações de boas práticas relacionadas ao tema. Esse argumento culminou na maioria dos conselheiros optando pelo arquivamento da denúncia.

O Conar sublinhou que a transparência é um princípio ético primordial e ressaltou que no caso em questão, essa transparência foi observada, uma vez que o uso da tecnologia ficou evidente na peça publicitária. O processo transcorreu com ampla defesa, incluindo manifestações da Volkswagen e de sua agência, a AlmapBBDO.

A campanha em foco retrata Maria Rita conduzindo um modelo moderno e elétrico da Kombi, enquanto canta uma canção clássica de Belchior, popularizada por Elis Regina nos anos 70. A peça prossegue destacando veículos icônicos da Volkswagen, como Fusca e Brasília, culminando em um dueto fictício entre Maria Rita e uma representação da saudosa Elis Regina, possibilitado pela técnica “deepfake”.

Vale ressaltar que para trazer Elis Regina de volta em um vídeo lançado em 2023, uma atriz dublê foi utilizada para simular a cantora dirigindo o veículo, sendo o rosto da cantora inserido posteriormente através de reconhecimento facial.

A Volkswagen do Brasil acolheu com satisfação a decisão do Conar de arquivar a representação ética relacionada à campanha “VWBrasil70: O novo veio de novo”. A empresa ressaltou que a campanha representa a evolução da marca, refletindo seu portfólio renovado e a introdução de veículos elétricos no país. A Volkswagen também enfatizou seu compromisso de ser uma empresa cada vez mais humana e próxima das pessoas, continuando a desempenhar um papel significativo na vida dos brasileiros.

*Com informações do G1 e Fusne.