Um estranho e polêmico estudo realizado na China pretende demonstrar que animais machos podem engravidar e dar à luz. Na natureza já existe esse fenômeno, como no caso dos cavalos-marinhos. Mas no caso dos mamíferos isso não acontece de forma natural.
Contudo, pesquisadores chineses da Universidade Médica Naval resolveram testar os limites biológicos de ratos machos e os engravidaram. Mas para isso foi preciso costurar – literalmente – os roedores nas fêmeas. Isso causou muita polêmica sobre a ética do experimento.
Um polêmico estudo chinês sob o título “preprint” (artigo científico não revisado por pares) foi publicado em junho deste ano e está dando o que falar na comunidade científica.
Embora com uma taxa de sucesso baixíssima, cerca de 4%, pesquisadores chineses sustentam que mamíferos machos podem engravidar e dar à luz. Mas para que isso fosse possível, os cientistas precisaram costurar o rato macho na fêmea.
Muitos cientistas na própria China e ao redor do mundo têm questionado a ética desse experimento.
Para a realização do seu experimento, os pesquisadores da Universidade Médica Naval, em Xangai, costuraram cotovelos, joelhos e peles de ratos pares, ou seja, de machos castrados e fêmeas. Isso mesmo, costuraram literalmente.
Os pesquisadores alegaram que isso era indispensável para o fornecimento do suprimento de sangue necessário para o desenvolvimento dos fetos, o que já coloca em dúvida a real possibilidade pretendida pela experiência.
Essa prática de juntar dois seres não é novidade. Chama-se parabiose, e pretende que animais compartilhem sangue, e é usada para estudar os efeitos da infusão de sangue. Por exemplo, é possível “conectar” um rato velho a um novo para estudar o processo de envelhecimento.
Além disso, os ratos machos precisavam ser castrados. Os estudos revelaram que seis semanas depois da castração e cirurgia para “conectar” os animais, os níveis de testosterona diminuíram, evidentemente.
Duas semanas depois, foi feito um transplante de útero para o rato macho, e depois foram implantados os embriões. Mas apenas 4% dos embriões conseguiram sobreviver ao polêmico experimento.
Essa questão da ética desse experimento pode ser bastante polêmica, sob diversos pontos de vista, e com certeza vamos encontrar argumentos subjetivos de ambos os lados. Mas do ponto de vista objetivo, causar um trauma tão grande a um par de animais, sem falar nos filhotes que quase não tiveram chance de sobreviver, é bastante cruel.
Não fica claro se o experimento foi aprovado por um comitê de ética independente – uma exigência para todos os experimentos financiados pelo governo chinês e que envolvem animais em laboratório – mas o bioeticista Zhang Xinqing afirmou que se tivesse direito ao voto, não autorizaria a pesquisa.