Ex-funcionária do Facebook presta depoimento ao Congresso dos EUA

A ex-funcionária do Facebook que vazou documentos comprometedores da empresa, segundo ela, prestou depoimento ao Congresso dos EUA no último dia 5, terça-feira. O vazamento deu início a uma série de reportagens do Wall Street Journal. Frances Haugen deu depoimento explosivo em desfavor da empresa, e disse que sua missão será fazer com que as pessoas entendam que as redes sociais podem ser tão perigosas quanto são úteis. Ela defende que deve ser controlada.
Publicado em Mundo dia 7/10/2021 por Alan Corrêa

A ex-funcionária do Facebook que vazou documentos comprometedores da empresa, segundo ela, prestou depoimento ao Congresso dos EUA no último dia 5, terça-feira. O vazamento deu início a uma série de reportagens do Wall Street Journal.

Frances Haugen deu depoimento explosivo em desfavor da empresa, e disse que sua missão será fazer com que as pessoas entendam que as redes sociais podem ser tão perigosas quanto são úteis. Ela defende que deve ser controlada.

Depoimento explosivo contra o Facebook

Temos visto ultimamente diversas controvérsias que envolvem a gigante das redes sociais, Facebook. A mais recente e, talvez, uma das mais fortes acusações contra a empresa de Mark Zuckerberg é de uma ex-funcionária, que pediu a conta ao descobrir certas políticas que, segundo ela, não estão corretas.

Frances Haugen, de 37 anos, trabalhava na equipe de integridade cívica do Facebook, e reuniu centenas de documentos internos da empresa antes de pedir demissão. Na última terça-feira, Haugen prestou depoimento ao Congresso americano.

Depoimento explosivo contra o Facebook
Depoimento explosivo contra o Facebook

Quem é Frances Haugen?

Você deve estar se perguntando quem é Frances Haugen e qual a importância do seu depoimento. Ao contrário do que costuma acontecer, Haugen não era uma funcionária qualquer. Seu cargo de gerente de produtos lhe conferia acesso aos bastidores mais íntimos da empresa.

Além disso, Frances Haugen já atuou em diversas gigantes do mercado, como o Google, Hinge, Yelp e Pinterest. Formada em engenharia da informação, ela se define como especialista em algoritmos, o que lhe angariou o trabalho no Facebook.

Haugen escreveu em sua conta no Twitter (que acaba de criar) que é uma “ativista da vigilância pública das redes sociais”. Seus primeiros dizeres foram: “Juntos podemos criar redes sociais que tragam à tona o que há de melhor em nós mesmos.”

Suas origens

A americana ex-funcionária do Facebook nasceu em Iowa, e conta que durante sua infância, fortemente influenciada pelos pais e professores, participou das primárias da eleição presidencial, quando adquiriu um “forte sentimento de orgulho pela democracia e a importância da participação cívica”.

Desde então a jovem sempre participou de eventos que ajudavam as pessoas a promover um ambiente saudável, marcado pelo patriotismo e a “desmercantilização”, seguindo a contracultura dos anos 1960.

Depoimento explosivo contra o Facebook
Depoimento explosivo contra o Facebook

O que moveu a fazer acusações contra o Facebook

Há menos de uma semana Frances Haugen saiu do anonimato, quando deu entrevista a uma emissora norte-americana, a TV “CBS News”, acusando o Facebook de “colocar os lucros acima da segurança”.

Segundo Haugen, sua intenção não é acabar com o Facebook, mas sim salvá-lo, como ela mesma disse: “agi para ajudar a incentivar mudanças na gigante das mídias sociais, não para despertar raiva”.

Qual o teor das acusações?

A ex-gerente de produtos do Facebook afirma que a empresa criou equipes para tentar limitar a desinformação antes das últimas eleições presidenciais dos Estados Unidos, alterando o algoritmo para reduzir ou inibir a disseminação de fake News, o que é muito louvável.

Contudo, afirma também que terminadas as eleições, sua equipe foi desmontada. Ou seja, não seria mais feito esse trabalho tão importante, indispensável, para manter a segurança dos usuários.

Porque o Facebook dispensou as equipes?

O motivo pelo qual o Facebook dispensou as equipes, na verdade, é bastante simples. Seu objetivo principal é o lucro. Até aí nada de novo, toda empresa deve ter esse objetivo.

O grande problema é que para ganhar dinheiro com publicidade, precisam incentivar que as pessoas passem o maior tempo possível utilizando as redes sociais. Ora, os conteúdos de ódio e as informações falsas são justamente o que gera maior engajamento.

Depoimento explosivo contra o Facebook
Depoimento explosivo contra o Facebook

Frances Haugen tentou argumentar

Mas você não deve pensar que Haugen fingiu gostar dessa situação e depois se voltou contra o Facebook. Na verdade, ela tentou mostrar o perigo dessa dissolução das equipes que trabalhavam no sentido de impedir os abusos das redes sociais.

As respostas nunca foram satisfatórias, e Frances Haugen começou a se perguntar se a empresa de Zuckerberg realmente queria empregar esforços para proteger os membros da comunidade do Facebook contra fake news e discursos de ódio. Para a ex-funcionária, o Facebook deu precedência ao seu lucro em detrimento da saúde da interação dos membros.

O que a engenheira da informação fez?

Por causa dessa situação, a engenheira da informação mudou-se para Porto Rico, solicitando permissão para trabalhar remotamente. A equipe de RH disse que isso não seria possível. Foi então que ela pediu demissão e só então vazou os documentos.

Haugen contou durante a entrevista ao Wall Street Journal que viu um amigo se perder para as teorias da conspiração, e que era bem diferente estudar a desinformação e perder alguém para ela.

Depoimento explosivo contra o Facebook
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Resposta do Facebook

O Facebook se posicionou, opondo-se ao que foi alegado por sua ex-funcionária, afirmando que suas práticas e o impacto delas junto aos membros sempre foi no sentido de proporcionar um ambiente saudável.

“Sugerir que encorajamos conteúdo nocivo e não fazemos nada a respeito simplesmente não é verdade”.

Esse é apenas o primeiro capítulo de uma novela que vai longe. Vamos acompanhar.