Uma recente descoberta feita por pesquisadores pode indicar que há mais tipos sanguíneos do que conhecíamos até agora, além dos quatro mais conhecidos mundialmente por “A, B, O e AB”.
O novo grupo sanguíneo denomina-se Er e é o 44° a ser descoberto e descrito pela ciência. Dentro deste novo grupo sanguíneo há cinco antígenos, conforme foi revelado por meio de um estudo publicado na revista Blood. Dentre os tipos de sangue nesse grupo existe algo em comum que é a proteína Piezo 1, que também é encontrada na superfície dos glóbulos vermelhos.
Os anticorpos que por assim dizer “combinam” com os antígenos do grupo Er são capazes de se ligarem a eles, fazendo com que células imunes ataquem as células incompatíveis. Com isso, o conhecimento deste novo grupo talvez ajude a diminuir os problemas relacionados com incompatibilidades sanguíneas em casos de transfusões, por exemplo.
É comum conhecer apenas os quatro principais tipos sanguíneos: A, B, O e AB. Mas este não é o único sistema de classificação que existe. Os tipos de sangue levam em conta os glóbulos vermelhos a partir das proteínas e açúcares presentes em sua superfície — que são chamados antígenos.
Por conta das diferenças entre os antígenos, o sistema imunológico de quem recebe uma doação de sangue pode detectar estes antígenos como corpos estranhos e reagir contra eles, o que é extremamente perigoso e pode levar à morte. Por isto, esta nova descoberta é considerada muito importante, já que com o novo grupo sanguíneo as chances de isso acontecer são menores devido aos anticorpos.
O grupo Er possui cinco antígenos, que são variações da proteína Piezo1. Uma dessas variações foi encontrada no sangue de uma mulher grávida no Reino Unido, que infelizmente acabou perdendo seu bebê por conta disso.
A descoberta deve ser oficializada como um novo sistema de grupos sanguíneos ainda este ano após a validação na reunião da Sociedade Internacional de Transfusão de Sangue. Este novo tipo sanguíneo, bastante raro, pode ajudar também a fazer o rastreamento de mutações genéticas ligadas a ele.
Segundo a professora Daniela Hermelin, da Faculdade de Medicina da Universidade de Saint Louis, “Descobrir um novo sistema de grupos sanguíneos é como descobrir um novo planeta. Amplia a paisagem da nossa realidade”. Com isso, aumenta a chance de que os médicos possam diagnosticar corretamente o problema de incompatibilidade sanguínea entre uma mãe e um bebê ainda no útero, melhorando as possibilidades de tratamento e consequentemente ocasionando um parto bem sucedido.
Além disso, essa descoberta pode dar mais chances de sobrevivência a pacientes que tenham este sangue raro e passem por algum tipo de problema — como a necessidade de uma transfusão de sangue. A expectativa é que, no futuro, os cientistas consigam “criar” glóbulos vermelhos que possam ser fornecidos a estes pacientes, caso eles precisem de alguma doação de sangue em algum momento de suas vidas.
*Com informações de OGlobo e OlharDigital.