Nos dias atuais, estamos cada vez mais imersos com veículos aos quais não são mais compostos inteiramente de aço, como antigamente. Nos dias atuais, vemos partes de plástico, fibra de vidro, o próprio vidro ou até mesmo fibra de carbono sendo utilizada em veículos para alta performance.
Mas você já conseguiu imaginar como seria um carro feito de… soja? Pois bem, foi assim que o revolucionário Henry Ford criou um protótipo de um veículo construído a base da soja. Como sabemos, a ideia não foi para frente, mas foi a precursora para que outros materiais pudessem ser utilizados em carros.
Para entender como esta ideia maluca começou, temos que voltar para a década de 30, onde a Ford dominava o mundo automotivo com o popular Ford T. Durante os anos 20, a produção em massa era algo revolucionário que estimulava a economia, porém, emitia dióxido de carbono em quantidades absurdas.
Vale lembrar que, naquela época, os carros eram constituídos inteiramente de aço, fazendo com que os veículos se tornassem mais letais em colisões e também mais pesados, prejudicando assim o desempenho.
Foi então que, pensando nisso, a Ford começou a investir em materiais biodegradáveis para a composição de seus veículos, indo muito de encontro com o que Henry Ford acreditava. Por ter vindo de uma área rural de Michigan, acreditava que os avanços da humanidade teriam que estar ligados com a natureza, dando assim início a um de seus projetos mais insanos.
Além desta visão de Ford sobre o desenvolvimento humano, um outro fator também corroborou para que a ideia de criar um carro inteiramente de plástico: a eclosão da segunda guerra mundial.
Ford imaginava que, com um conflito que afetasse o mundo inteiro, por mais que não atingisse os EUA (ainda), causaria uma escassez de materiais em todo o mundo, então, seria melhor pensar em uma alternativa viável de produzir carros sem o aço.
Foi então que, em 1941, Ford fez um evento em que mostrou ao mundo sua mais nova invenção: o Soybean Auto, ou carro de soja! Alegando que seria mais barato de ser construído e mais seguro, o protótipo logo chamou a atenção de todos.
Para construir o veículo, foi utilizado um material até então nunca visto antes, que foi desenvolvido pela própria Ford. Em suma, era composto de 70% de fibra de celulose e 30% de aglutinante de resina.
“A fibra celulósica é composta por 50% de fibras de pinho, 30% de palha, 10% de cânhamo e 10% de rami, material usado pelos antigos egípcios para as múmias”, disse o New York Times à época. O veículo em si foi construído sob uma estrutura de aço tubular e, com isso, 14 painéis de plástico revestiram o carro.
Henry Ford estava tão convicto da resistência do material que, em sua demonstração no dia 13 de agosto, trouxe um pedaço do material desenvolvido e um pedaço de aço, martelando os dois e mostrando como o plástico era mais resistente.
Porém, como você deve saber, o veículo não prosperou e nunca vimos um carro feito de soja por aí. Mas qual a razão?
A razão é simples: lembra quando disse que Ford temia que houvesse escassez de materiais por conta de segunda guerra mundial, a qual os EUA não estavam envolvidos? Pois bem, quase 4 meses após a apresentação do Soybean Auto, a base de Pearl Harbor foi atacada por japoneses e, por sua vez, isso decretou a entrada dos estados unidos na guerra, paralisando assim a produção de veículos no país.
Por mais que gerasse mais economia na produção, naquele momento inicial, a produção de veículos com esta tecnologia seria mais cara. Com isso, o único protótipo do Soybean Auto foi destruído e a segunda unidade nunca saiu do papel.
Desta forma, podemos dizer que o Soybean Auto quase foi um dos veículos mais inovadores que já tivemos. Por mais que não tenha ido para frente, se hoje temos a utilização de diferentes materiais nos carros, muito foi por causa dele!
*Com informações da BBC, Wiki e Forever Young.