O primeiro alienígena que encontrarmos poderá ser microscópio

Encontrar vida em outro planeta não vai ser só um pouquinho difícil. Vai ser muito difícil. Mas, pela primeira vez na história da humanidade, temos a chance de detectar sinais de vida em outro planeta. Talvez já a tenhamos detectado em Vênus. Talvez não. Ainda há dois grandes obstáculos para confirmarmos a existência de vida em outro planeta. O primeiro é criar um telescópio grande o bastante para fazer isso, e o segundo é interpretar o que encontrarmos. Quando pensamos em vida extraterrestre, tendemos a pensar em pequenos homenzinhos verdes, não em micro-organismos unicelulares.
Publicado por Alan Correa em Ciência dia 11/10/2021

Todo mundo já se perguntou se existe vida fora da Terra.

Eu mesmo sempre imagino alienígenas de todos os tipos e tamanhos diferentes. Sempre me perguntando se na imensidão do universo existem outras formas de vida. Mas às vezes esses seres de outro planeta não são nada como nós esperamos, às vezes para achar vida em outros planetas, nós precisamos começar a procurar por micro-organismos.

A dificuldade de achar vida

Alguns pesquisadores calculam como a radiação de alta energia de uma estrela pode tornar os gases de micro-organismos mais difíceis ou fáceis de ver com os telescópios do futuro.
Alguns pesquisadores calculam como a radiação de alta energia de uma estrela pode tornar os gases de micro-organismos mais difíceis ou fáceis de ver com os telescópios do futuro.

Encontrar vida em outro planeta não vai ser só um pouquinho difícil, será muito difícil, mas, pela primeira vez na história da humanidade, temos a chance de detectar sinais de vida em outro planeta. Talvez já a tenhamos detectado em Vênus. Talvez não. Ainda há dois grandes obstáculos para confirmarmos a existência de vida em outro planeta. O primeiro é criar um telescópio grande o bastante para fazer isso, e o segundo é interpretar o que encontrarmos. Quando pensamos em vida extraterrestre, tendemos a pensar em pequenos homenzinhos verdes, não em micro-organismos unicelulares.

Alguns pesquisadores calculam como a radiação de alta energia de uma estrela pode tornar os gases de micro-organismos mais difíceis ou fáceis de ver com os telescópios do futuro. Os micróbios dominaram a biosfera do nosso planeta desde quase sempre. Eles vêm emitindo gases que podem ser vistos em nossa atmosfera a anos-luz de distância, há bilhões de anos. Se um astrônomo alienígena estivesse observando a Terra, provavelmente detectaria gases como oxigênio, metano e óxido nitroso antes de detectar sinais da nossa existência. Mesmo com uma biosfera ativa como a da Terra, a maior parte dos gases que indicam vida vem de organismos unicelulares, não de animais. É isso que pesquisadores estão tentando fazer na próxima década na astronomia: encontrar sinais de vida microbiana em planetas que orbitam outras estrelas. Mas a tecnologia para detectar a atmosfera de um planeta do tamanho da Terra, em torno de outro sol, é extremamente complicada. É como tentar calcular o tamanho de um vaga-lume na frente de um holofote, estando o observador em outro continente.

O segundo problema para identificarmos vida alienígena será interpretar o que esses gases de bioassinatura de fato significam. Vinte e um por cento da nossa atmosfera são oxigênio, e quase todo esse oxigênio vem de seres vivos. Então, a pergunta complicada é a seguinte: será que a detecção de oxigênio em outro planeta significaria vida? Não necessariamente, porque conhecemos formas de se obter oxigênio sem biologia.

Vida em Vênus?

Vénus é o segundo planeta do Sistema Solar em ordem de distância a partir do Sol, orbitando-o a cada 224,7 dias. Recebeu seu nome em homenagem à deusa romana.
Vénus é o segundo planeta do Sistema Solar em ordem de distância a partir do Sol, orbitando-o a cada 224,7 dias. Recebeu seu nome em homenagem à deusa romana.

A detecção preliminar de fosfina em Vênus, um gás de bioassinatura em potencial, é tão interessante, mas também tão confusa. Vênus é um ambiente infernal, com uma temperatura na superfície de quase 482°C. Primeiro, é necessário verificar a detecção da fosfina em si e, depois, confirmar se esse gás vem de formas de vida e não de algum processo geológico ou fotoquímico inesperado. Se confirmada, essa seria uma das descobertas mais profundas da nossa geração. Se acontecer um engano, que confundimos esse gás com biologia sendo ele oriundo de outro processo, teremos tido uma boa lição para aplicarmos a planetas que orbitam estrelas distantes.

Vênus é perto, literalmente nosso vizinho ao lado, e ainda assim temos dificuldade de entendê-lo. Os planetas que estamos encontrando na órbita de outras estrelas são estranhos e inesperados. Alguns têm a densidade de algodão-doce, e outros têm chuva de ferro fundido. A maioria das estrelas são diferentes do nosso sol, com erupções de alta energia que podem tornar difícil a existência de vida. Então, quanto mais observamos os gases de bioassinatura, mais percebemos que não existe nenhum gás que seja suficiente para entendermos um planeta e dizermos que ele tem vida. É simplesmente muito difícil distinguir vida de não vida a anos-luz de distância.

Como saberemos se uma pista é um sinal de vida ou não? Bem, primeiro, precisamos entender o máximo possível sobre a geologia do planeta e da estrela que ele orbita. Aprenderemos lições vitais explorando nosso próprio sistema solar em lugares como Vênus e Marte.