Você provavelmente já se pegou sonhando acordado, certo? Essa prática é muito comum visto que o nosso cérebro nunca para de pensar e trabalhar, por mais que tentemos. Muitas vezes, sonhar acordado ajuda algumas pessoas que possuem transtorno de ansiedade a se controlarem, já que esta ação permite que possamos planejar futuras situações e treinar algumas possibilidades.
Além disso, muitas vezes o tempo passa psicologicamente mais rápido quando estamos entretidos com nossa imaginação. Sendo assim, o hábito de sonhar acordado faz bem para nossa saúde mental.
Ainda que os efeitos da imaginação sejam muito gratificantes, muitos neurocientistas decidiram realizar diversas pesquisas para investigar se esses efeitos são, de fato, benéficos para o nosso organismo ou não. Durante anos, os pesquisadores basearam seus estudos no pressuposto de que o cérebro humano trabalha mais quando está encarregado de uma tarefa e quando não, se encontra “desligado”.
As pesquisas, em sua grande maioria feita através de imagens, foram muito baseadas em testes com voluntários onde os mesmos deveriam manter seu cérebro ocupado exercendo alguma atividade enquanto os aparelhos de tomografia e ressonância magnética monitoravam suas ondas cerebrais. A partir disso, foi possível perceber que algumas partes da mente trabalham mais que outras dependendo da atividade que está sendo exercida.
Apenas há duas décadas atrás, foi descoberto que o cérebro não pode se “desligar”, e portanto, mesmo quando estamos dormindo ou não pensando em nada, a mente ainda está ativa, mesmo que trabalhando menos. A descoberta foi feita por um aluno da faculdade de medicina de Wisconsin, nos Estados Unidos. A partir disso, foi possível comprovar a tese de que “o cérebro nunca descansa”.
Agora que já sabemos disso, que conclusão podemos tirar dos nossos sonhos acordados? Bom, alguns pesquisadores defendem que essas “viagens” na mente são necessárias para consolidar memórias, visto que os sonhos nos ajudam a organizar os eventos que aconteceram no passado, presente e futuro. Além disso, nossa imaginação pode nos levar a lugares que ainda não conhecemos, isto porque nossa mente está sempre preocupada em enxergar quais serão as possíveis consequências das ações que podemos tomar futuramente, podendo assim estar preparada para qualquer evento.
Para poder ver nitidamente quais áreas do cérebro são ativadas quando entramos no mundo da imaginação, alguns cientistas utilizam técnicas de imagens que mostram quais delas apresentam um aumento no fluxo sanguíneo e maior gasto de energia. Essas áreas, chamadas de Rede Executiva, conseguem se comunicar para trabalharem juntas. Além disso, os mesmos acreditam que existem duas partes envolvidas no processo de criação da nossa mente: uma geradora de fluxo livre de ideias e pensamentos espontâneos, e um processo de seleção, desenvolvimento e busca das melhores ideias geradas pela parte anterior. Essas são partes cruciais da imaginação e criatividade, além de nos auxiliarem a desenvolver métodos de resolução de problemas.
Em adolescentes, o córtex pré-frontal e outras áreas envolvidas na Rede Executiva ainda estão se formando, mas ainda sim, eles são capazes de traçar metas e resolver problemas a partir da criatividade.
*Com informações do TED, BBC e Revista Galileu.