À medida que o táxi se aproxima, uma sensação de ansiedade toma conta. Uma cena surreal que poucos poderiam antecipar. O veículo sem motorista para diante de mim, instruindo que eu destranque a porta com o celular antes de embarcar na jornada noturna. Antes que eu possa entrar, porém, um transeunte intercede.
Ele adverte: “Esses carros não são seguros.” Ele relata ter testemunhado um incidente quase trágico envolvendo um táxi autônomo e me alerta a proceder com cautela. Esse pedestre representa apenas um dos muitos em São Francisco que questionam a viabilidade dos “táxis robôs” e estão preocupados com o risco à vida.
Alguns críticos vão além. No verão, ativistas do grupo “Rebeldes por Ruas Seguras” começaram a sabotar os veículos, colocando cones de trânsito nos capôs, imobilizando-os até que o obstáculo seja removido. Vídeos dessas ações rapidamente se disseminaram.
Apesar disso, as autoridades municipais continuam a permitir a circulação dos táxis autônomos. Em agosto de 2023, a Comissão de Serviços Públicos da Califórnia autorizou as empresas Waymo e Cruise a operar 24 horas por dia, expandindo suas atividades além do período noturno.
Antes dessa decisão, uma audiência pública de seis horas permitiu aos cidadãos expressar suas expectativas e preocupações. Motoristas de Uber e Lyft expressaram receios de perderem suas fontes de renda para os táxis automatizados. Outros levantaram preocupações sobre acidentes, bloqueios de tráfego e questões de segurança.
Por outro lado, defensores destacam os benefícios dos veículos autônomos. Eles afirmam que esses carros são mais confiáveis e seguros do que motoristas humanos distraídos. Pessoas com deficiência visual ou famílias com crianças mencionam um aumento no conforto e inclusão.
Os debates sobre a segurança persistem. Relatos variam entre experiências tranquilas e desafios imprevistos. Poucos dias após a expansão aprovada, um táxi Cruise se envolveu em um acidente com um carro de bombeiros, o que resultou na redução da frota da empresa.
Tanto a Waymo quanto a Cruise afirmam que seus carros autônomos são seguros, ressaltando milhões de milhas percorridas sem incidentes. Entretanto, uma parcela considerável da população permanece cética. Ativistas do grupo “Rebeldes por Ruas Seguras” alertam que essas preocupações estão sendo ignoradas e veem paralelos com movimentos históricos de resistência à inovação.
São Francisco enfrenta um dilema. A cidade deseja liderar a inovação, mas a população permanece dividida. Enquanto as empresas reforçam a segurança de seus veículos, conquistar a confiança da comunidade torna-se crucial para a continuidade da presença dos carros autônomos nas ruas.
*Com informações do G1.