A nova geração da Hilux mostra o quanto até as picapes mais tradicionais estão rendendo à revolução elétrica. A Toyota, marca conhecida por resistir ao modismo dos elétricos, decidiu abraçar de vez o futuro. O resultado é uma Hilux com múltiplas personalidades, indo do clássico motor a diesel até versões 100% elétricas e, em breve, movidas a hidrogênio. Um salto ousado para quem sempre viveu da imagem de força e confiabilidade no barro.

Visualmente, o impacto é imediato. A dianteira mais limpa, com faróis afilados e grade fechada, é o símbolo de uma nova era. O apelido interno, “Cyber Sumô”, combina bem com a proposta: um lutador japonês que trocou o ringue de areia por uma tomada na parede. A Hilux elétrica não quer ser silenciosa apenas no motor, mas também no discurso — quer provar que robustez e sustentabilidade podem coexistir.
A parte técnica mostra essa transição com clareza. A versão elétrica entrega 196 cavalos e autonomia de 240 km, suficiente para o uso urbano e missões leves. Já o sistema híbrido leve, com motor 2.8 turbodiesel e rede elétrica de 48V, promete eficiência sem sacrificar o poder de reboque. A Toyota não fala apenas em evoluir a picape, mas em prolongar a vida útil do conceito de picape em um mundo que pressiona por emissões zero.

O interior acompanha essa virada tecnológica. O painel digital de 12,3 polegadas e a central multimídia com conectividade total mostram que até o veículo de trabalho precisa falar a língua dos smartphones. Mesmo assim, a marca manteve botões físicos e comandos manuais, como um lembrete de que a Hilux ainda é, no fundo, uma ferramenta — mesmo vestida com telas e sensores.
Nos bastidores, o plano é claro: testar limites sem abandonar o DNA. A Toyota aposta na produção em larga escala da versão elétrica, mas sabe que o hidrogênio pode ser a peça mais ambiciosa dessa estratégia. Prevista para 2028, a Hilux a célula de combustível será o experimento que mostrará se o futuro da marca está nas baterias ou no gás comprimido.

Mais do que um lançamento, a nova Hilux é um manifesto. Representa o dilema de toda a indústria automotiva: como continuar vendendo potência e liberdade quando o mundo cobra consciência e eficiência. A Toyota responde sem romantismo, mas com pragmatismo japonês — se o futuro pede silêncio, que ele venha com torque instantâneo e alma de caminhonete.